8.2. Métricas Fenológicas

A fenologia está sendo cada vez mais utilizada pelas mais diversas áreas da ciência, entretanto, sua obtenção é lenta e onerosa. Para agilizar a obtenção dessas informações em larga escala e reduzir os custos, são utilizadas séries temporais de imagens de satélite de onde se extraem as métricas fenológicas. Assim, métricas fenológicas podem ser definidas por um conjunto de medidas associadas às curvas temporais obtidas das imagens de sensoriamento remoto que permitem a estimativa das fases ou estádios fenológicos. Neste sentido, diversos métodos estão sendo desenvolvidos para obter as métricas fenológicas oriundas de séries de imagens de sensoriamento remoto. Esses métodos para extração de métricas fenológicas podem ser agrupados em: limiares, derivadas, algoritmos de suavização e modelos matemáticos [128].

Entretanto, como visto na Section 7.2, as séries temporais de imagens de satélite possuem ruídos que devem ser tratados utilizando processos de filtragem, garantindo assim o espaçamento uniforme entre os dados, a remoção dos ruídos e o preenchimento de falhas, para que se possa obter as métricas fenológicas. Um exemplo apresentando uma série temporal antes de depois da filtragem, bem como as métricas fenológicas associadas a elas pode ser visualizado na Figura 8.4. Nesta figura pode ser observado que os valores das estimativas de métricas fenológicas (letras \(a..i\)) usam a curva filtrada (em vermelho) e todos os atributos são calculados a partir dela.

Métricas fenológicas estimadas usando dados de sensoriamento remoto

Figura 8.4 - Métricas fenológicas. A linha em azul representa os dados obtidos por sensoriamento remoto sem filtragem. A linha em vermelho representa o resultado da filtragem dos dados e são representados palas letras: (a) início da estação, (b) fim da estação, (c) duração da estação, (d) valor base, (e) tempo do meio da estação, (f) valor máximo, (g) amplitude, (h) pequeno valor integrado, (h+i) grande valor integrado.
Fonte: Adaptada de Jönsson and Eklundh [93]

Já as métricas mais frequentemente extraídas têm sido: início e final da estação, bem como a sua duração; taxa de crescimento e de senescência, produtividade total e sazonal, valores do mínimo e máximo, comprimento e amplitude alcançados no início, meio e fim das estações, entre outras [94]. Algumas destas métricas são apresentadas na Tabela 8.5, bem como suas descrições e métodos de obtenção.

Tabela 8.5 - Metricas Fenológicas e parâmetros sazonais.
Fonte: Adaptada de Jönsson and Eklundh [93].

Sigla

Nome da métrica

Descrição

Método

SOS

Início da estação

Valor do índice espectral e data da ocorrência no início da estação

Seis métodos utilizados: 1) Amplitude sazonal; 2) Amplitude absoluta; 3) Amplitude relativa; 4) Linha de tendência LOESS STL; 5) Primeiro valor do declive positivo; 6) Valor mediano do declive positivo

POS

Pico da estação

Maior valor do índice espectral e data de ocorrência

Valor máximo local do índice espectral levando em conta a duração da estação de crescimento da planta

MOS

Metade da estação

Valor médio dos 80% dos maiores índices espectrais

Valor máximo relacionado com o período em que os valores dos índices espectrais atingiram os valores 80% superiores durante a estação de crescimento da planta

EOS

Fim da estação

Valor do índice espectral e data da ocorrência no final da estação

Seis métodos utilizados: 1) Amplitude sazonal; 2)Amplitude absoluta; 3) Amplitude relativa; 4) Linha de tendência LOESS STL; 5) Primeiro valor do declive negativo; 6) Valor mediano do declive negativo

VOS

Vale da estação

Menor valor do índice espectral e data de ocorrência

Valor mínimo local do índice espectral levando em conta a duração da estação de crescimento da planta

BSE

Base da estação

Média dos menores valores do índice espectral

Valor médio dos mínimos dos índices espectrais à esquerda e direita da curva durante a estação de crescimento da planta

LOS

Duração da estação

Número de dias entre SOS e EOS

Diferença em número de dias entre a data de ocorrência do início (SOS) e o final da estação (EOS)

ROI

Taxa de crescimento

Taxa de crescimento da vegetação durante o início da estação

Taxa de crescimento calculada utilizando o tempo que demora para que os valores dos índices espectrais atinjam 20% e 80% durante o início da estação de crescimento

ROD

Taxa de Decrescimento

Taxa de decrescimento da vegetação durante o final da estação

Taxa de crescimento calculada utilizando o tempo que demora para que os valores dos índices espectrais atinjam 80% e 20% durante o final da estação de crescimento

AOS

Amplitude da estação

Amplitude dos valores dos índices espectrais durante a estação

Diferença entre o valor máximo (POS) e o valor de base (BOS)

SIOS

Integral curta da estação

Integração dos valores dos índices espectrais durante a estação

Integração dos valores dos índices espectrais entre o início (SOS) e o final da estação (EOS) levando em conta a linha de base da estação (BSE)

LIOS

Integral longa da estação

Integração dos valores dos índices espectrais durante a estação

Integração dos valores dos índices espectrais entre o início (SOS) e o final da estação (EOS) utilizando os valores totais